quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Tráfico de animais

Turma: 6ª série
Prof Orientador: Maria Inês


Desde o seu “Descobrimento”, o Brasil despertou a cobiça mundial sobre a as fauna e flora. Sua rica e preciosa biodiversidade sempre esteve na mira daqueles que aqui aportavam. Até hoje o país é representado pelo templo que exalta o verde de suas matas e pelo hino que informa que “nossos bosques tem mais vida e nossos campos tem mais flores”. A cada ano porém, os dados apontam um destino menos romântico para os nossos símbolos patrióticos. As matas já não são tantas, e o verde está cada vez mais silencioso.

O processo de desenvolvimento cultural da população brasileira foi singular, possibilitando o encontro de povos conquistadores e povos que mantinham uma relação íntima com o meio ambiente. Hoje percebe-se traços dessa miscigenação ao observarmos nos grandes centros, ou nos rincões do nosso território, a presença de vários animais silvestres convivendo com o ser humano, numa relação e domínio e admiração. Aquele olhar estrangeiro de cobiça se perpetua até hoje, todavia ele carrega mais do que simples curiosidade, ele traduz a certeza de que possuímos a maior reserva da biodiversidade do planeta, e que nela estão contidos muitas respostas que ainda não chegaram ao conhecimento humano.

A fauna apresenta números relevantes em relação a biodiversidade no mundo. Entre os vertebrados, o Brasil abriga 517 espécies de anfíbios, 468 de répteis, 524 de mamíferos, 1622 de aves, cerca de 3 mil peixes de água doce e uma fantástica diversidade de artrópodos: só de insetos, são cerca de 15 milhões de espécies (Ministério do Meio Ambiente – 1998)

A devastação das florestas e a retirada de animais silvestres já causaram a extinção de inúmeras espécies e conseqüentemente um desequilíbrio ecológico. Os animais exóticos, raros e até ferozes, dentre muitos outros, pagam com a vida pelo simples prazer que algumas pessoas têm em possuir um animal silvestre em casa.

Seguindo uma lógica cruel – que determina o valor da espécie pela sua raridade e grau de ameaça de extinção, o tráfico da vida selvagem – biopirataria - é hoje um dos principais fatores do desaparecimento da fauna brasileira.

O Brasil abriga mais de 10% de 1.400.000 seres vivos catalogados no planeta. Na classificação mundial em diversidade de espécies o Brasil é o primeiro em primatas, borboletas e anfíbios. A cada ano um número incalculável de filhotes é retirado das matas para serem vendidos como mercadoria. Para os traficantes, o nosso animal silvestre, alguns em perigo de extinção, não passa de uma mercadoria e a natureza, nossos campos e matas, um grande estoque em prateleiras.

A Lei de Crimes Ambientais, criada em fevereiro de 1998, considera os animais, seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, propriedade do Estado, considerando que a compra, a venda, a criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais silvestres é crime inafiançável.

A maior parte das pessoas que possuem animais silvestres em casa enfrenta uma série de problemas, algumas acreditam estar protegendo os animais sem levar em consideração todo o sofrimento e estresse pelo qual o animal passa. Ao perceberem o trabalho e cuidados especiais que estes animais exigem, além da dificuldade de mantê-los, as pessoas acabam doando os animais aos zoológicos. O animal em cativeiro perde a capacidade de buscar seu alimento, de se defender dos predadores ou de se proteger de situações adversas. Se forem libertados, mesmo que em locais propícios, dificilmente sobreviverão. De cada 10 animais traficados, 9 morrem antes de chegar ao seu destino final. Em outras palavras quase 38 milhões de espécimes são arrancados de seus ninhos (aves) e tocas (mamíferos). Desse número, apenas 1% chegará ao destino final. Temos idéia quantos filhotes estão morrendo, diariamente, nas mãos de contrabandistas? Eles saem do país, pelas fronteiras, escondidos em malas e sacolas, passando pela polícia, totalmente dopados, anestesiados e provavelmente mortos por maus tratos.

Esses traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo, colocando o comércio ilegal de animai silvestres na terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. O Brasil participa com 15% desse valor, aproximadamente 900 milhões de dólares.

Não bastasse a ação dos traficantes, que é intensa, diária e implacável, o quadro de degradação ambiental que o país enfrenta é o resultado de anos de exploração descontrolados dos nossos recursos naturais. Em 500 anos o Brasil perdeu mais de 90% da cobertura original da Mata Atlântica. Exatamente por isso, nossa fauna também está ameaçada. Ali, nesses apenas 10% de Mata Atlântica, concentram-se centenas de espécies seriamente ameaçada de extinção e o ritmo dessa destruição só faz aumentar o perigo para esses animais.

No Brasil, 218 espécies animais encontram-se ameaçadas de extinção, sendo que 7 delas foram consideradas extintas por não existir registros de sua passagem, observação e presença nas matas há mais de 50 anos.

O Brasil ocupa o 2º lugar no mundo de espécies de “aves” ameaçadas.

As principais causas da diminuição das populações de animais silvestres são:
- redução de seus habitats devido à destruição da cobertura vegetal primária;
- crescente população humana;
- exploração econômica de áreas de florestas, pântanos e cerrado;
- tráfico de animais silvestres;
- caça e pesca predatórias e indiscriminada;

Há quadrilhas organizadas e especializadas no tráfico de animais e que são bem estruturadas para a venda ilegal. Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno e o restante é exportado. Este tráfico envolve um grande número de pessoas, iniciando com os capturadores ou caçadores (geralmente pessoas pobres e que conhecem o habitat dos animais).

A captura acontece em lugares em que há grande biodiversidade como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste – regiões pobres do ponto de vista sócio-econômico. As principais áreas de captura estão nos estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso Goiás, Tocantins, Minas Gerais e região Amazônica. Depois, o animal passa por vários intermediários até chegar aos grandes comerciantes que ficam no eixo Rio-São Paulo. Nestas capitais acontece o maior volume de vendas. Os animais têm diversos destinos: muitos são vendidos ilegalmente em feiras, outros, vão para criadores ou criadouros, quando exportados, o destino é normalmente a Ásia, a Europa ou os Estados Unidos. É comum acharmos na feira de Praga (Europa) araras brasileiras por 4 mil reais, ou seja, o animal capturado por 50 centavos (R$0,50) é vendido por oito mil vezes mais.

Quando recolhidos pela fiscalização, os animais silvestres encontram-se em péssimas condições, alguns já mortos, dopados, maltratados com fome, sede e frio. São filhotes, são bebês, mal enxergam, sem pêlos e sem penas... Necessitam ser rapidamente alojados, alimentados, protegidos e recebem cuidados médicos. Alguns animais sofrem outro tipo de violência: têm os olhos furados, para não enxergar a luz do sol e não cantarem – caso das aves, evitando chamar a atenção da fiscalização. Todos são anestesiados para que pareçam dóceis e mansos.

No Brasil, o comércio ilegal da fauna silvestre divide-se claramente em duas modalidades básicas:
- o tráfico interno, que tem como característica a sua desorganização, sendo praticado por caminhoneiros, motoristas de ônibus, pequenos comerciantes e miseráveis, que saem de suas cidades levando animais silvestres que vão lhe garantir dinheiro na viagem e comida.
- o tráfico internacional, sofisticado, esquematizado, planejado, com pessoas inteligentes, grandes nomes na sociedade internacional, artistas milionários, inúmeras empresas e grandes laboratórios, que seguem esquemas criativos e originais, distribuem subornos e contam com a condescendência de funcionários públicos, políticos e empresas aéreas.

O tráfico da fauna silvestre brasileira divide-se em três objetivos distintos:
- Colecionadores particulares;
- Animais para fins científicos;
- Animais para comercialização internacional em “pet shops”.

Todos esses animais deixam o país através de portos e aeroportos das principais cidades brasileiras ou então, através das fronteiras dos países limítrofes ao Brasil, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e principalmente o Suriname, onde jatinhos particulares aguardam a chegada de dezenas de caminhões brasileiros que levam nossos animais, aos milhares, para terras internacionais.

Animais mais procurados para tráfico:
- Papagaio-de-cara-roxa;
- Arara Canindé;
- Arara Vermelha;
- Corrupião;
- Curió;
- Saíra-sete-cores;
- Tucano;
- Mico-leão-dourado;
- Macaco-prego;
- Jaguatirica.

Animais para colecionadores particular e zoológico: este talvez seja o mais cruel dos tipos de tráfico selvagem, pois ele prioriza principalmente as espécies mais ameaçadas de extinção.Quanto mais raro for o animal, quanto mais ameaçado, ou quanto menos exemplares existir na natureza, maior é o seu valor de mercado.
- Arara azul de Lear;
- Arara Canindé (azul-vermelha);
- Papagaio-da-cara-roxa;
- Mico-leão-dourado;
- Jaguatirica.

Animais para fins científicos: neste grupo encontram-se as espécies que fornecem a química base para a pesquisa e produção de medicamentos. È um grupo que percebeu as facilidades no país e por isso mesmo aumenta cada dia.
- Jararaca;
- Jararaca Ilhoa;
- Cascavel;
- Sapos amazônicos;
- Aranha marrom;
- Outras aranhas;
- Besouros;
- Vespas.

Os animais a seguir têm substâncias extraídas para serem vendidas por grama.
- Jararaca;
- Urutu;
- Surucucu;
- Coral;
- Aranha marrom;
- Escorpião brasileiro.

Animais para pet shop’s: É a modalidade que mais incentiva o tráfico de animais silvestres no Brasil devido a grande procura. Todas as espécies da fauna brasileira estão incluídas nessas categorias. Os preços variam de acordo com a espécie e quantidade recomendada.
- Jibóia;
- Tartatuga;
- Arara Vermelha;
- Tucano;
- Melro;
- Saíra;
- Sagüi.

ESTATÍSTICA

Animais de Estimação
Valor em US$/Unidade
Jibóia
800 a 1.500
Tartaruga
350
Arara-Vermelha
3.000
Tucano-toco
2.000

Animais para Coleção

Arara-azul-de-lear
60.000
Papagaio-de-cara-roxa
6.000
Mico-leão-dourado
20.000
Jaguatirica
10.000

Animais para fins científicos

Jararaca-ilhoa
20.000 (por unidade)
Cascavel
1.400 (por unidade)
Surucucu-pico-de-jaca
3.200 (por unidade)
Coral-Verdadeira
31.300 (por grama de veneno)

Como posso ajudar no combate ao tráfico?
Medidas pessoais

Não compre animais silvestres sem origem legal;Não compre artesanatos que possuam partes de animais silvestres; salvo se o artesanato for certificado como procedente do manejo sustentável;Denuncie traficantes;Mesmo que fique com pena do animal nas mãos do traficante, não o compre, se o fizer você somente estará incentivando o tráfico;Se tiver um animal silvestre não o solte simplesmente, entre em contato com a unidade do IBAMA mais próxima.

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